Confira algumas estradas feitas para reconstruir habitats perdidos, proteger animais selvagens de rodovias vitais, ou até regenerar populações:
1. Passagens especiais para gado
1. Passagens especiais para gado
Mover gado de um pasto para outro pode ser uma tarefa
angustiante, especialmente se o fazendeiro precisar levar o
rebanho através de uma estrada ou trilha de trem. Para
evitar colisões com veículos, pecuaristas muitas vezes criam
passagens subterrâneas que permitem que os animais evitem
obstáculos perigosos, como estradas, canais, diques e
ferroviárias. Da mesma forma, há canais para ovelhas e
outros animais.
2. Passagens de fauna
Estruturas feitas pelo homem, tais como rodovias e
ferrovias, constituem ameaças para a vida selvagem. Isso
porque dividem habitats selvagens, potencialmente separando
populações de animais existentes de fontes de alimento e
água, forçando-os a atravessar a estrada e suportar os
perigos do tráfego. Passagens de fauna reduzem esse risco,
fornecendo aos animais um meio alternativo de evitar a
estrada, ou de atravessá-la de forma mais segura.
3. Parque Nacional de Banff, em Alberta, Canadá
O Parque Nacional de Banff é o lar de uma grande
variedade de animais selvagens, de texugos a ursos e alces.
No entanto, a estrada TransCanada também corta a reserva,
fragmentando o habitat natural com quatro pistas perigosas
aos bichinhos. Para acomodar o tráfego tanto de veículos
quanto de ungulados, a TransCanada incorporou um viaduto
arborizado para os animais viajarem com segurança. A fauna
local se adaptou rapidamente à travessia, que tornou-se um
corredor vital para sua passagem.
4. Natuurbrug Zanderij Crailo, Holanda
Os holandeses gostam de proteger a vida selvagem dos
perigos do tráfego humano, já tendo construído mais de
600 passagens de fauna em todo o país. O viaduto
Natuurbrug Zanderij Crailo é a mais longa dessas estruturas,
com mais de 50 metros de largura e 800 metros de
comprimento, e ajuda os animais a passarem por uma
linha de trem, um parque empresarial, um rio, uma estrada
e um complexo desportivo. Concluída em 2006, a ponte
é rotineiramente utilizada por vários espécies de cervos,
javalis, e pelo texugo europeu, animal em perigo de extinção.
5. Ponte para caranguejos, na Ilha Christmas, Austrália
Todos os anos, em meados de outubro, mais de 50 milhões
de caranguejos vermelhos marcham de suas casas de verão,
nas florestas tropicais da Ilha Christmas, na Austrália, para o
oceano, onde se reproduzem. Estes crustáceos formam uma
enorme maré vermelha, que não presta atenção a coisas
como estradas movimentadas – por isso, cerca de 50.000
deles morrem a cada migração sob as rodas dos carros.
Para combater estas mortes, o governo tem trabalhado
desde 1995 para instalar uma série de pontes e mais de 40
túneis ao longo e através dos quais os caranguejos possam
passar. De acordo com o Serviço de Parques Australianos,
mais de 12 quilômetros de travessias já foram instalados ao
longo das estradas para ajudar a canalizar os caranguejos (e,
por consequência, acabaram levando mais turistas para a
região, para assistir ao fenômeno).
6. Interstate 75, Flórida, EUA
Estimativas generosas colocam a população remanescente
de panteras da Flórida em cerca de 100 indivíduos, tornando
esta espécie um dos grandes mamíferos mais criticamente
ameaçados da América do Norte. Pior: o problema dos
animais não é a caça furtiva ou a perda de habitat, mas
acidentes veiculares. 11 panteras morreram em 2006 depois
de serem atingidas por carros, e outras 14 morreram no
ano seguinte. Em resposta, o governo americano tomou
medidas agressivas para proteger os bichos das estradas
perigosas, instalando 24 passagens subterrâneas, construindo
12 pontes de vida selvagem, e colocando cercas contínuas
ao longo de um trecho de 65 quilômetros da pista
(Interstate 75). Funcionou – nem uma única pantera morreu
desde 2007. Além do mais, as passagens subterrâneas são
agora rotineiramente usadas por linces, veados, guaxinins e
outros animais, e houve um declínio drástico nos
atropelamentos de todos eles desde então.
7. Escadas para ratazana-de-água em Grand Union
Canal, Inglaterra
As ratazanas-de-água estão entre os mamíferos mais
ameaçados do Reino Unido. Seus números diminuíram
em 90% desde 1970, principalmente por fragmentação
do habitat. Parte dessa fragmentação é devido a bordas
muito altas do Grand Union Canal, que vai de Birmingham
a Londres. Sendo assim, mais de um quilômetro do
canal foi reconstruído, para proporcionar melhor espaço
para os animais, e mais plantas que eles preferem comer.
Além disso, escadas que permitem que os roedores subam
ao longo da borda do canal foram feitas, transformando
o que era uma barreira intransponível em uma autoestrada
para os bichos.
8. Túneis para salamandras, Massachusetts, EUA
As salamandras-de-pintas-amarelas enfrentavam
problemas em Massachusetts no final de 1980: tinham que
atravessar uma rua movimentada da cidade de Amherst para
atingir os seus locais de reprodução, e muitas terminavam
essa travessia esmagadas sob os pneus dos carros. Por isso,
em 1988, clamor público levou as autoridades do município a
instalar uma série de três túneis sob a rua, com cercas
afuniladas para orientar os anfíbios a entrar nas passagens.
Logo, a população de salamandras aprendeu a usar os
cruzamentos com sucesso. O sistema foi tão eficiente que
agora é empregado em todo os EUA, inclusive em Santa
Rosa, na Califórnia, onde está ajudando a salamandra-tigre-
do-leste, espécie em extinção, a atingir seus locais de
reprodução vitais.
9. Passagens de fauna na rodovia SP-225, entre Itirapina
e Jaú (SP)
O Brasil não tem muitas dessas passagens planejadas para
animais, mas uma pesquisa da Universidade de São Paulo
(USP) concluiu que elas são muito importantes para a redução
do número de atropelamentos de animais silvestres nas
estradas. Na Rodovia SP-225, entre Itirapina e Jaú (SP), os
túneis usados por animais são considerados exemplos
positivos. Conforme câmeras instaladas em 10 túneis
mostraram, 21 espécies, como veados, tatus, capivaras e
lobos-guará, passam por lá. Em dois anos de estudo, foram
registradas 800 travessias, mais da metade feitas por capivaras,
o animal que mais causa acidentes em pistas.
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