quarta-feira, 22 de maio de 2013

O Tardígrado



   
   Filmes de ficção científica, como Alien, o Oitavo Passageiro, mostram astronautas percorrendo grandes distâncias dentro de aparelhos que os mantêm congelados, em sono profundo, durante décadas. Para nós é fantasia. Para os tardígrados, é moleza. “Sempre que sentem uma ameaça, as células desses bichos param de trabalhar”.
   Kristensen, que estuda esses estranhos animais microscópicos desde 1974, conta que eles surgiram na Terra há 500 milhões de anos, antes mesmo dos insetos, e se adaptaram a todos os ambientes. Existem mais de 700 espécies de tardígrados, em todos os lugares, do gelo dos pólos à cratera dos vulcões. Algumas vivem na nossa casa, em cantos empoeirados, como os ácaros. A capacidade de hibernação inigualável desse bicho está atraindo cientistas interessados em técnicas capazes de armazenar órgãos para transplantes durante muito tempo. No futuro, quem sabe, eles poderão até inspirar viagens espaciais de longa duração.A maioria dos tardígrados são bichos microscópicos, com menos de 1 décimo de milímetro de comprimento. Mas alguns são visíveis a olho nu, podendo chegar a 1 milímetro. Os maiores são carnívoros e comem até os seus primos menores. Quase todos se alimentam de bactérias, algas ou células mortas.
   Eles agüentam o calor de mais de 100 graus Celsius porque podem trocar a água de suas células por um açúcar chamado trialose. Essa substância não ferve tão rápido quanto a água. Com isso, a temperatura não destrói as membranas celulares.
   Alguns tardígrados podem se enrolar sobre si mesmos para reduzir a área total de seu corpo. Quanto mais encolhem, mais difícil fica comprimi-los. Numa experiência, no Japão, eles agüentaram uma pressão 6 000 vezes maior que a atmosférica.
   Expulsar a água das células também é um meio de resistir à radioatividade. Os animais conseguem desidratar seu organismo e desativar o DNA. Ressequidos, os genes resistem a doses brutais de radiação sem sofrer danos.
   Os tardígrados que vivem no gelo dos pólos secretam uma proteína que acelera o congelamento. Depositada no ambiente, ela faz a água solidificar à sua volta, afastando das células os cristais de gelo que ameaçam romper suas membranas. Saiba mais aqui. 

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