Nem todo mundo sabe, mas o felino jaguar, que deu nome a um carro famoso, nada mais é do que a brasileiríssima onça-pintada. Muito se fala sobre o risco de extinção desse animal, que habita faixas de terra desde o sul dos Estados Unidos até o norte da Argentina.
Em 40% dessas áreas, a população está realmente caindo. Mas um estudo da famosa ONG WWF (sigla para World Wide Fund for Nature) mostra que há esperança justamente na Amazônia, onde aparentemente existe um número maior de onças-pintadas do que se imaginava.
O estudo é conduzido pelo projeto AREAS da Amazônia, da WWF, sob a tutela do cientista norte-americano George Powell. Segundo o levantamento da organização, cerca de 6 mil onças-pintadas habitam a Amazônia, em territórios do Peru e do Brasil. Número semelhante só se encontra no pantanal, onde tradicionalmente elas se concentram.
Para o Ibama, a onça-pintada já está entre as espécies ameaçadas de extinção. Mas se encontra no nível “vulnerável”, o mais baixo da escala (os seguintes são “em perigo” e “criticamente em perigo”). Segundo os cientistas da WWF, isso serve de alerta: ainda que o número de onças pintadas pareça razoável, é necessário fazer um monitoramento constante das populações. Vários estudos são conduzidos na Amazônia com este objetivo.
O monitoramento
“Onças-pintadas são espertas”, afirma Powell, da WWF. “Difíceis de observar e acompanhar”. Os cientistas da organização tinham uma missão complicada: fotografar duas espécies em seu habitat, em quatro pontos diferentes de uma enorme área nas florestas peruanas.
Além da onça-pintada, os cientistas também focaram atenções na queixada (Tayassu pecari), animal semelhante ao javali que recebe mais de dez outros apelidos no Brasil. Ambos foram escolhidos por sua característica expansiva: as populações se espalham e ocupam grandes áreas. Se um território é grande o suficiente para abrigá-los, deve também abrigar os demais mamíferos.
Desta observação, saiu o número alentador de 6 mil onças-pintadas, indicando que a situação não está tão ruim assim. Mas os cientistas pedem cautela: as áreas analisadas ficam em reservas naturais protegidas por lei.
Apesar de extensas e em número razoável, as reservas estão cada vez mais isoladas umas das outras devido à expansão de madeireiras nos “vãos” entre elas. Os pesquisadores alertam que a integração entre as áreas de preservação é vital para a manutenção das espécies, e o isolamento pode colocar muitas delas na lista das ameaçadas.