terça-feira, 30 de julho de 2013

Freiburg, Cidade 100% Sustentável da Alemanha



   Em Freiburg tudo é pensado de um jeito diferente. Lá, eles fazem tudo de uma forma totalmente ecológica seja utilizando bicicletas ou bondes elétricos. Em Freiburg eles mudam até a forma de construir a casa e quem dá a explicação é o arquiteto do local, Meinhard Hansen. Este vídeo do programa "Fantástico" fala um pouco sobre a sustentabilidade desta cidade.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

30 Dias sem Lixo

   Uma jornalista com o nome Margarida Telles fez uma reportagem e muito mais que isso, um desafio de passar 30 dias sem produzir resíduos não recicláveis. Aqui segue a reportagem:

EU E AS MINHOCAS A repórter em seu apartamento com uma composteira doméstica. Quase todo o lixo orgânico virou adubo (Foto: Rogério Cassimiro/ÉPOCA)
   Durante dois anos, morei com uma amiga que costumava dizer que, se eu entrasse no apartamento com mais um animal de estimação, ela sairia. Quando trouxe para casa uma composteira com 170 minhocas e o desafio de passar um mês sem produzir lixo, sorri ao imaginar como ela reagiria se ainda morássemos juntas. A ideia de tentar viver gerando a menor quantidade possível de resíduos por um mês foi inspirada na filosofia do lixo zero. Segundo essa linha de pensamento, é preciso repensar hábitos para reduzir a produção de material descartável não reciclável, aquele que acaba em aterros e lixões. Quando a ideia da reportagem surgiu, imediatamente me ofereci para o desafio.
   No Brasil, o lixo cresceu com a afluência da população. Segundo o último Censo, divulgado no final do ano passado, o índice do lixo recolhido pelas prefeituras passou de 77% em 2000 para 93% em 2010. Um estudo da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), divulgado em maio, revela que dos quase 62 milhões de toneladas de lixo geradas em 2011, mais de 23 milhões de toneladas seguiram para lixões e aterros, com riscos de contaminação ambiental. Parte do material decomposto se infiltra no solo e pode chegar ao lençol freático. Também produz gases e atrai animais, como ratos e urubus. “Com o aumento do poder de compra, houve o crescimento da quantidade de lixo”, afirma Carlos Silva Filho, diretor executivo da Abrelpe. Cada brasileiro gera em média 381 quilos de material descartado por ano. É mais de 1 quilo por dia. Ainda é menos que os 2 quilos anuais de um americano. Mas estamos caminhando nessa direção. E essa rota pode ser insustentável. Não há nem espaço disponível para receber tanto lixo nem fontes para produzir toda a matéria-prima que exigiremos. “Algum dia, teremos de aprender a reutilizar tudo o que produzimos”, diz Silva Filho.
A mensagem
Para a sociedade
O volume de resíduos que produzimos hoje é insustentável

Para você
É possível reduzir a quantidade de lixo que você produz sem alterar (muito) seu estilo de vida
   A filosofia do lixo zero já é seguida por uma minoria engajada. Eles têm um estilo de vida regido por princípios sustentáveis politicamente corretos: não comem carne, usam bicicletas em vez de carros e evitam adquirir novas roupas e objetos desnecessários. Esse não é meu caso. Compro produtos industrializados, dirijo meucarro e nunca consegui fazer uma horta sobreviver por mais de um mês. Mas, desde que moro sozinha, a questão do lixo me incomoda. Apesar de passar a maior parte do dia fora de casa, a quantidade de resíduos que produzo semanalmente é grande. Quis descobrir até que ponto conseguiria mudar isso, sem precisar alterar radicalmente meu estilo de vida.

A preparação

   Uma das melhores experiências do tipo foi protagonizada pelo jornalista britânico Leo Hickman. Ele passou um ano ecologicamente correto e narrou tudo no livro A life stripped bare (algo comoA vida desnuda). A experiência dele, mais extrema que a minha, serviu de inspiração. Outros também adotaram o desafio do lixo zero. A americana Rose Brown, de 33 anos, decidiu guardar em casa tudo o que não conseguia reciclar ou transformar em adubo. Em três anos, mal conseguiu encher uma caixa com o lixo que sobrou. Questionada sobre como atingir esse feito, ela é enfática: “Temos muitas responsabilidades e obrigações. Reduzir o lixo tem de ser um jogo divertido”.
   Ao contar para amigos e familiares meu desafio, tive receio de não ser nada divertido. A reação das pessoas foi drástica. Minha família perguntou se eu ganharia algum tipo de remuneração adicional por insalubridade ou se eu fora coagida a aceitar a tarefa. Um amigo apostou que me visitaria em um mês e encontraria minha casa soterrada por objetos fabricados com garrafas PET. Nada disso aconteceu.
Como jogar fora certo

ECOLÓGICO As patas do border collie Hobbes são limpas com flanela e xampu. Substitui os lenços umedecidos descartáveis (Foto: Rogério Cassimiro/ÉPOCA)


















   O plano foi dividir o mês em duas experiências distintas. Nas primeiras duas semanas, eu separaria todo o material para o sistema de coleta seletiva de minha rua, feito pela prefeitura de São Paulo. Na segunda metade do mês, viveria como a maior parte dos brasileiros, sem coleta seletiva pública. Teria de levar meu lixo reciclável para um centro de coleta.
   No começo, o principal problema foram as fezes do Hobbes, meu cachorro border collie. Durante os passeios com ele, sempre recolhi seus dejetos com sacolas plásticas. Descobri que, no exterior, existem sacos feitos de um tipo de plástico que dissolve na água e pode ser jogado no vaso sanitário. Segundo Eduardo Van Roost, presidente da Res Brasil, empresa que importa a matéria-prima para a fabricação de plásticos, o produto está começando a chegar por aqui. “Mas custa 30 vezes mais que o plástico comum”, diz.
   Outra dificuldade foi descartar meu telefone sem fio quebrado. Por seus componentes eletrônicos, não poderia ir para a reciclagem convencional. Na composição desse tipo de produto, existem metais pesados, como bário e chumbo, que ficam para sempre no ambiente e podem afetar nossa saúde. Para reciclar o telefone, teria de levar a uma cooperativa especializada. “Desmontamos os produtos, e cada um de seus componentes é encaminhado a alguma indústria que aproveite esse material”, afirma Alex Pereira, presidente da Coopermiti, que recicla lixo eletrônico.
   Na segunda metade do mês, precisei me preparar para levar o lixo a um centro de coleta. Minha primeira estratégia, a preguiça, foi juntar todos os produtos numa única lixeira, para depois separá-los por tipo de material. Passados alguns dias, na hora de fazer essa triagem, tive nojo do lixo envelhecido. Aprendi que, na hora do descarte, aquilo é apenas uma embalagem usada por mim. No dia seguinte, virou o lixo repugnante de alguém. Na semana seguinte, passei a separar imediatamente cada material num saco diferente.
   Descobri truques em blogs como o The Zero Waste Home, da francesa Béa Johnson. Na hora de comprar comida, ela leva ao mercado potes de vidro e sacolas e compra tudo o que puder a granel. Não consegui fazer compras desse jeito, já que costumo ir a lojas de grandes redes. Mas a ideia de comprar direto do produtor me pareceu boa. Passei a frequentar uma feira orgânica.
   Antes da experiência, já tentava usar sacolas reutilizáveis, mas sempre as esquecia em casa. Passei a mantê-las no porta-malas do carro e na bolsa. Ao comprar itens industrializados, criei o hábito de observar se as embalagens eram econômicas e recicláveis. “Quando um pacote não é facilmente reciclável, orientamos o fabricante a mudar sua composição”, afirma André Vilhena, diretor executivo do Compromisso Empresarial para Reciclagem.
Minhocas aliadas
   Para não jogar fora o lixo orgânico, comprei uma composteira na Morada da Floresta. No começo, pensar que dividia meu apartamento com 170 minhocas foi aflitivo. Nunca tive medo desse bicho. Mas também não morava com dezenas deles. Durante a primeira noite, acordei com a sensação de algo rastejando em meu pescoço. Paranoia. Levantei e fui checar a caixa. Estava perfeitamente fechada. Ao longo do mês, nenhuma minhoca escapou.
   Na primeira semana da composteira, juntei todo o lixo orgânico no cesto da pia da cozinha. Quando fui alimentar as minhocas, percebi que teria de picar os restos, mas eles já estavam podres. E nojentos. Decidi então guardar o lixo orgânico previamente picado num pote na geladeira, para não apodrecer. Também demorei para acertar a quantidade de serragem para impedir que o lixo atraia insetos. Na terceira semana, a área de serviço ficou repleta de moscas pretas, pousadas em todos os lugares, como no filme Os pássaros, de Alfred Hitchcock. Fiquei horrorizada. Joguei uma boa camada de serragem na composteira e desinfetei ao redor. Outra surpresa foram as larvas. Surgiram porque joguei restos de carne no minhocário. (O ideal para não produzir resíduo seria virar vegetariana.) Quando abri a tampa e vi as larvas brancas, dei um grito. Meu namorado precisou retirá-las da caixa, enquanto choramingava. Ao longo do mês, a relação com a composteira melhorou. Quando visitas vinham em casa, logo perguntavam pelas minhocas. Uma amiga até pediu para eu batizar a minhoca mais bonita com o nome dela.
Higiene complicada
   Para reduzir a produção de lixo, substituí os lencinhos umedecidos que usava para limpar as patas do cachorro por um xampu a seco. Mudar minha higiene pessoal foi mais complicado. Uma pessoa gasta em média 24 rolos de papel higiênico por ano. Como não dá para reciclar papel sujo, o melhor seria mandá-lo descarga abaixo, mas no meu prédio não pode. Outra opção seria usar água e sabão para a limpeza. Depois de pensar, decidi que o papel higiênico seria minha exceção. (Leia o quadro com soluções.) Absorventes foram outro desafio. Ao longo da vida, cada mulher usa cerca de 15 mil deles, e todos vão para o lixo. Quando busquei a composteira, Cláudio Spínola, diretor executivo da empresa, sugeriu os absorventes ecológicos, feitos de pano. São pequenos e estampados. Diferentes daqueles usados pela minha bisavó. Achei o contato com a pele confortável. Lavá-los na máquina não foi traumático. Na embalagem vinha um folheto explicativo, que sugeria usar a água onde os absorventes ficaram de molho para regar as plantas e “devolver sua energia à natureza”. Tenho somente um cacto, que rego uma vez por mês. Decidi que eu e ele estávamos bem sem a devolução da minha energia.
O que ficou
   Quando o mês do experimento acabou, minha primeira reação foi de alívio, por poder fazer tudo do meu jeito. Mas logo percebi que adquirira muitos hábitos. Agora, parece que jogar algo reciclável no lixo comum é tão errado quanto seria arremessar o objeto pela janela do carro. Não fiquei com a composteira porque quase não cozinho e produzo pouco lixo orgânico. Quando eu tiver uma estrutura familiar que inclua mais bocas para alimentar, trarei de volta as minhocas. No fim de seu livro, Leo Hickman afirmou que seu desafio estava apenas começando. Não serei tão otimista, pois não me sinto pronta para dar um passo além e virar vegetariana ou abandonar o papel higiênico. Mas aprendi que não é preciso tomar atitudes drásticas como essas para diminuir meu impacto no meio ambiente.
Como funciona a composteira
   Por dentro da estrutura de terra e minhocas que transforma restos de comida em adubo para seu jardim

Fonte da reportagem: http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/noticia/2012/07/30-dias-sem-lixo.html
Como funciona a composteira (Foto: reprodução/revista ÉPOCA)

Substituições que fazem a diferença
A troca de alguns produtos por similares ajuda a diminuir a quantidade de lixo
Substituições que fazem a diferença (Foto: reprodução/revista ÉPOCA)

terça-feira, 23 de julho de 2013

Incêndios Florestais

   O que é?
   Os incêndios florestais ocorrem quando as condições estão favoráveis para ele acontecer. Os incêndios não ocorrem só porque o elemento florestal é o principal fator de alimentação das chamas, mas também porque na grama, por exemplo, possui como elemento químico o álcool, contribuindo para as chamas aparecerem com facilidade.
   Na maioria dos casos de grande dimensão, ocorrido nos EUA, Austrália, Brasil, Portugal, entre outros, um dos principais fatores é a ausência das chuvas no período que antecedeu à tragédia climática.
Incêndios Florestais
   Quando uma área florestal estiver muito seca qualquer produto que é lançado pode causar um grande incêndio, por isso é sempre bom ter cuidado antes de jogar qualquer coisa (um vidro, uma lata, uma ponta de cigarro) para não ter o risco de causar uma tragédia.
   As perdas com a queimada são irreparáveis quando a floresta já é antiga, pois normalmente o local possui muitas diversidades na fauna e flora que podem ser impedidas pelos incêndios florestais. Claro que ao longo dos anos, a floresta se reconstitui, porém, os efeitos causados acabam impedindo a continuidade do processo evolutivo de plantas em fase de crescimento e desenvolvimento e animais que demoraram milhares de anos para desenvolver sua espécie.
   Os impactos florestais não são somente a tragédia e perda de material. Ela tem uma quantidade imensa de elementos tóxicos, causando um ar irrespirável nas matas e comprometendo a respiração e podendo chegar até a danificar a visão.
   Para combater os incêndios, é bom ter o maior número possível de pessoas disponíveis para a atividade de combate, pois o fogo das queimadas só pode ser contido por água em grande quantidade.
   Adaptação de: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/incendios-florestais/incendios-florestais.php

   No Brasil:
As queimadas e os incêndios florestais estão entre os principais problemas ambientais enfrentados pelo Brasil. As emissões resultantes da queima de biomassa vegetal colocam o País entre os principais responsáveis pelo aumento dos gases de efeito estufa do planeta. Além de contribuir com o aquecimento global e as mudanças climáticas, as queimadas e incêndios florestais poluem a atmosfera, causam prejuízos econômicos e sociais e aceleram os processos de desertificação, desflorestamento e de perda da biodiversidade.

Este problema foi identificado na década de 80, quando as mídias nacionais e internacionais tornaram públicos os dados alarmantes de focos de calor observados pelo Inpe. O fato evidenciou a ausência de estrutura governamental organizada para implementar ações de prevenção e combate aos incêndios florestais e exigiu do Governo uma resposta a este problema.

Considerando a importância da temática, o Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais - Prevfogo foi criado em 1989 e tem atuado na promoção, apoio, coordenação e execução de atividades educativas, pesquisa, monitoramento, controle de queimadas, prevenção e combate aos incêndios florestais em todo território nacional.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Aumenta o Desmatamento na Amazônia

   Na última sexta- feira, o Ibama anunciou um aumento alarmante de desmatamento.
   Segundo os dados, a Amazônia perdeu 46,5 mil hectares de floresta, quase a área da cidade de Porto Alegre.
   Luciano Evaristo, diretor de proteção ambiental do Ibama disse recentemente que pensava zerar a tendência de desmatamento neste ano, mas com estas divulgações dá a entender que isso não vai acontecer.
Foto do desmatamento na Amazônia causado por fogo.
   Em vez de mostrar para o mundo que o Brasil vai acabar com a destruição da Amazônia, Dilma prefere entregar o futuro da floresta, e obviamente, o dos brasileiros para quem está com a motosserra.
   Precisamos de uma lei para acabar com o desmatamento de uma vez, mas antes de pensarmos nisso temos que já ir fazendo o que é possível fazer. Divulgue no facebook e no twitter a campanha do Green Peace e aproveite para você também assinar a petição. Contamos com a sua ajuda para uma Brasil melhor.
   Para mais informações sobre o assunto entre em: http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Noticias/Dilma-poe-mais-essa-na-conta/
Divulgue a campanha
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domingo, 7 de julho de 2013

Antigo Barco é Transformado em Livraria Itinerante

   O barco Ahoy é um verdadeiro tesouro transformado em livraria. A embarcação data de 1920 e após diversas utilidades, hoje ela comercializa livros de segunda mão. Chamada de “Word on the Water”, a loja é itinerante e atraca em diferentes cidades europeias.
   O ambiente é acolhedor e confortável. Diversos itens dos tempos em que o barco servia de residência ainda estão preservados. A lareira, movida a lenha, ainda está intacta e é alimentada com restos de madeira, deixando o ambiente mais agradável aos visitantes.
   O Ahoy é equipado com peças que foram recuperadas e reaproveitadas. Isso inclui também os móveis antigos, que mantêm o perfil clássico do “comércio marítimo”. Algumas prateleiras foram feitas a partir de caixas de vinho, enquanto outros livros estão espalhados pela mobília original do barco.
   A energia é obtida através de três painéis fotovoltaicos instalados na plataforma superior da embarcação. Segundo os donos, eles são eficientes até mesmo nos dias cinzentos e frios de inverno. O local serve como um verdadeiro refúgio que alias perfeitamente o amor pela natureza e pela literatura. 
   Fonte: Ciclo Vivo; http://ciclovivo.com.br/noticia/antigo_barco_e_transformado_em_livraria_itinerante

sexta-feira, 5 de julho de 2013

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Carta do Chefe Indígena Para o Presidente dos Estados Unidos

   A carta do chefe indígena para o presidente em 1854, o Governo dos Estados Unidos tentava convencer o chefe indígena Seatle à vender suas terras. Como resposta, o chefe enviou uma carta ao Presidente Franklin Pierce, que se tornou um documento institucional importante e que merece uma reflexão atenta pois é uma lição que deve ser cultivada por esta e pelas futuras gerações.


   Como é que se pode comprar ou vender o céu, o calor da terra? Essa idéia nos parece estranha. Se não possuímos o frescor do ar e o brilho da água, como é possível comprá-los?
   Cada pedaço desta terra é sagrado para meu povo. Cada ramo brilhante de um pinheiro, cada punhado de areia das praias, a penumbra na floresta densa, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados na memória e experiência de meu povo. A seiva que percorre o corpo das árvores carrega consigo as lembranças do homem vermelho.
   Os mortos do homem branco esquecem sua terra de origem quando vão caminhar entre as estrelas. Nossos mortos jamais esquecem esta bela terra, pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte da terra e ela faz parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs; o cervo, o cavalo, a grande águia, são nossos irmãos. Os picos rochosos, os sulcos úmidos nas campinas, o calor do corpo do potro, e o homem -todos pertencem à mesma família.
   Por isso, quando o Grande Chefe em Washington manda dizer que deseja comprar nossa terra, pede muito de nós. O Grande Chefe diz que nos reservará um lugar onde possamos viver satisfeitos. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos. Portanto, nós vamos considerar sua oferta de comprar nossa terra. Mas isso não será fácil. Esta terra é sagrada para nós.
   Essa água brilhante que escorre nos riachos e rios não é apenas água, mas o sangue de nossos antepassados. Se lhes vendermos a terra, vocês devem lembrar-se de que ela é sagrada, e devem ensinar as suas crianças que ela é sagrada e que cada reflexo nas águas límpidas dos lagos fala de acontecimentos e lembranças da vida do meu povo. O murmúrio das águas é a voz de meus ancestrais.Os rios são nossos irmãos, saciam nossa sede. Os rios carregam nossas canoas e alimentam nossas crianças. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem lembrar e ensinar a seus filhos que os rios são nossos irmãos e seus também. E, portanto, vocês devem dar aos rios a bondade que dedicariam a qualquer irmão.
   Sabemos que o homem branco não compreende nossos costumes. Uma porção da terra, para ele, tem o mesmo significado que qualquer outra, pois é um forasteiro que vem à noite e extrai da terra aquilo de que necessita. A terra não é sua irmã, mas sua inimiga, e quando ele a conquista, prossegue seu caminho. Deixa para trás os túmulos de seus antepassados e não se incomoda. Rapta da terra aquilo que seria de seus filhos e não se importa. A sepultura de seu pai e os direitos de seus filhos são esquecidos. Trata sua mãe, a terra, e seu irmão, o céu, como coisas, que possam ser compradas, saqueadas, vendidas como carneiros ou enfeites coloridos. Seu apetite devorará a terra, deixando somente um deserto.
   Eu não sei, nossos costumes são diferentes dos seus. A visão de suas cidades fere os olhos do homem vermelho. Talvez seja porque o homem vermelho é um selvagem e não compreenda.
   Não há um lugar quieto nas cidades do homem branco. Nenhum lugar onde se possa ouvir o desabrochar de folhas na primavera ou o bater das asas de um inseto. Mas talvez seja porque eu sou um selvagem e não compreendo. O ruído parece somente insultar os ouvidos.
   E o que resta da vida se um homem não pode ouvir o choro solitário de uma ave ou o debate dos sapos ao redor de uma lagoa, à noite? Eu sou um homem vermelho e não compreendo. O índio prefere o suave murmúrio do vento encrespando a face do lago, e o próprio vento, limpo por uma chuva diurna ou perfumado pelos pinheiros.
   O ar é precioso para o homem vermelho, pois todas as coisas compartilham o mesmo sopro -o animal, a árvore, o homem compartilham o mesmo sopro. Parece que o homem branco não sente o ar que respira. Como um homem agonizante há vários dias, é insensível ao mau cheiro. Mas se vendermos nossa terra ao homem branco, ele deve lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar compartilha seu espírito com toda a vida que mantém. O vento que deu a nosso avô seu primeiro inspirar também recebe seu último suspiro. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem mantê-la intacta e sagrada, como um lugar onde até mesmo o homem branco possa ir saborear o vento açucarado pelas flores dos prados.
   Portanto, vamos meditar sobre sua oferta de comprar nossa terra. Se decidirmos aceitar, imporei uma condição: o homem branco deve tratar os animais desta terra como seus irmãos.
Sou um selvagem e não compreendo qualquer outra forma de agir. Vi um milhar de búfalos apodrecendo na planície, abandonados pelo homem branco que os alvejou de um trem ao passar. Eu sou um selvagem e não compreendo como é que o fumegante cavalo de ferro pode ser mais importante que o búfalo, que sacrificamos somente para permanecer vivos.
   O que é o homem sem os animais? Se todos os animais se fossem o homem morreria de uma grande solidão de espírito. Pois o que ocorre com os animais, breve acontece com o homem. Há uma ligação em tudo.
   Vocês devem ensinar às suas crianças que o solo a seus pés é a cinza de nossos avós. Para que respeitem a terra, digam a seus filhos que ela foi enriquecida com as vidas de nosso povo. Ensinem as suas crianças o que ensinamos as nossas, que a terra é nossa mãe. Tudo o que acontecer à terra, acontecerá aos filhos da terra. Se os homens cospem no solo, estão cuspindo em si mesmos.
   Isto sabemos: a terra não pertence ao homem; o homem pertence à terra. Isto sabemos: todas as coisas estão ligadas como o sangue que une uma família. Há uma ligação em tudo.
O que ocorrer com a terra recairá sobre os filhos da terra. O homem não tramou o tecido da vida; ele é simplesmente um de seus fios. Tudo o que fizer ao tecido, fará a si mesmo.
   Mesmo o homem branco, cujo Deus caminha e fala com ele de amigo para amigo, não pode estar isento do destino comum. É possível que sejamos irmãos, apesar de tudo. Veremos. De uma coisa estamos certos – e o homem branco poderá vir a descobrir um dia: nosso Deus é o mesmo Deus. Vocês podem pensar que O possuem, como desejam possuir nossa terra; mas não é possível. Ele é o Deus do homem, e Sua compaixão é igual para o homem vermelho e para o homem branco. A terra lhe é preciosa, e ferí-la, é desprezar seu criador. Os brancos também passarão; talvez mais cedo que todas as outras tribos. Contaminem suas camas, e uma noite serão sufocados pelos próprios dejetos.
   Mas quando de sua desaparição, vocês brilharão intensamente, iluminados pela força do Deus que os trouxe a esta terra e por alguma razão especial lhes deu o domínio sobre a terra e sobre o homem vermelho. Esse destino é um mistério para nós, pois não compreendemos que todos os búfalos sejam exterminados, os cavalos bravios sejam todos domados, os recantos secretos da floresta densa, impregnados pelo cheiro de muitos homens, e a visão dos morros obstruída por fios que falam.
   Onde está o arvoredo? Desapareceu.
   Onde está a águia? Desapareceu
   É o final da vida e o início da sobrevivência.